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Esudpam promove palestra sobre proteção de pessoas autistas com defensora pública da Bahia

Servidores da DPE-AM que são autistas dialogaram com Melissa Teixeira, mãe atípica e pesquisadora do TEA, sobre formas de inclusão e os direitos da pessoa autista

A Escola Superior da Defensoria Pública do Amazonas (Esudpam) trouxe a defensora pública da Bahia Melisa Texeira, mãe atípica e pesquisadora do Transtorno do Espectro Autista (TEA), para conversar com servidores e membros da Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) sobre formas de inclusão e os direitos da pessoa autista. Em um ambiente aberto ao diálogo, servidores no espectro contribuíram mostrando como está sendo a inserção no mercado de trabalho.

Samuel Ramos, estagiário da 1º Defensoria Pública de 1ª Instância de Família, contou como se apaixonou pelo Direito e como é a experiência de trabalhar atendendo o público e ajudando pessoas a resolverem problemas. Ele explicou que, sendo uma pessoa com deficiência, é uma vantagem estar em um lugar acolhedor e que entende as suas especificidades.

“Cheguei na Defensoria e as minhas expectativas estavam exatamente de acordo com aquilo que eu pensei. Ou seja, eu fui pegando mais experiência. Eu gostei muito, estou bastante satisfeito. Agradecer, claro, à equipe da Defensoria, principalmente ao doutor Helom, pela total paciência”, disse.

A palestrante falou ao público um pouco de aspectos importantes na vida de pessoas autistas, desde a infância e, principalmente, na vida adulta. Ela relatou que há ainda muito desconhecimento sobre como lidar com o diagnóstico tardio e com o acompanhamento, no dia a dia, desse público.

“O jurídico, político e familiar, ele faz parte do contexto. E a gente precisa tratar de tudo isso. Precisamos falar, por exemplo, sobre a curatela e a tomada de decisão apoiada. O que acontece quando essas pessoas crescem. Elas se tornam adultas e, então, como a família pode cuidar delas, proteger seus interesses para além da vida? Então, é um assunto que também a gente fala muito sobre autistas crianças, mas depois o que acontece com os adolescentes, a questão da sexualidade, da orientação, do direito de amar, de ter filhos?”, refletiu.

A DPE-AM entende a necessidade de contribuir com a inclusão de todas as pessoas e adota uma série de medidas na direção de um ambiente cada vez mais acolhedor. Psicóloga do Núcleo Especializado em Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), Gabriela Bessa, que também é uma pessoa autista, destacou que as iniciativas da DPE-AM têm se mostrado exitosas.

“Recentemente, a gente ficou muito feliz com a aprovação da legislação específica para os servidores com deficiência, que acolhe também as necessidades das pessoas autistas. Eu também já tive a oportunidade de participar do projeto ´Meu Coração Também é Azul´, como psicóloga, acompanhando estagiários autistas nos diversos setores da Defensoria. E essa foi uma atividade ímpar, que não existia referência no Brasil. E nós buscamos dar nossa contribuição e tivemos feedbacks muito bons”, comemorou.

A defensora que ministrou a palestra explicou que, apesar dos recentes avanços, é preciso haver uma mudança ainda maior, com mais consciência a respeito da diversidade.

“Costumo dizer que não são os autistas que devem se adaptar ao mundo, porque as limitações mesmo do neurodesenvolvimento trazem essa dificuldade de superar muitos obstáculos. Então, é preciso que as outras pessoas neurotípicas tenham essa internalização, consciência e respeito, para que acolha e trate dessa inclusão, observando essas limitações, sem colocar a pessoa com autismo no lugar de vítima ou de coitadismo, de capacitismo”, concluiu a defensora.

Texto: Thamires Clair
Fotos: Macus Bessa/DPE-AM

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