A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) fiscaliza o sistema de atendimento a pacientes com Covid-19 no interior. Defensores públicos dos polos que atendem diretamente os municípios monitoram diariamente os boletins de novas infecções e mortes pela doença, assim como a taxa de ocupação de leitos nos hospitais, fornecimento de oxigênio e necessidade de transferência de pacientes em estado grave, para tomar as medidas cabíveis caso necessário. Alguns municípios, como Tabatinga, correm risco de ver suas unidades de saúde entrarem em colapso, caso o contágio pelo novo coronavírus evolua em ritmo acelerado.
Em Tabatinga, a defensora Thatiana David Borges, que atua no Polo da Defensoria no Alto Solimões, informa que não há relatos de falta de oxigênio, mas, que a depender da evolução do contágio pelo novo coronavírus, pode haver um colapso.
De acordo com a defensora, no dia 20 de janeiro chegaram de Manaus ao município 88 cilindros de oxigênio de 115 que estavam previstos, com previsão de chegada de mais 27 cilindros. “As informações da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município são de que ainda está sob controle a quantidade de oxigênio, por conta da chegada dos cilindros de Manaus e da cooperação da cidade colombiana vizinha de Letícia, com envio de cilindros. No entanto, o município colombiano recentemente informou que o número de casos de Covid-19 estava aumentado e não sabia até quando poderia fornecer oxigênio”, explica Thatiana David.
No dia 24 de janeiro, a Defensoria recebeu informação da Secretaria do Estado de Saúde relatando que está “estudando” um convênio com a Colômbia. Também informou que renovou o convênio com Hospital de Guarnição de Tabatinga (HGUT) para disponibilizar oxigênio para a Unidade Hospitalar de Tabatinga e cidades vizinhas. Informou, ainda, que há apoio de uma lancha da Casa Civil para levar oxigênio para os municípios do Alto Solimões.
Segundo a defensora Thatiana, o Portal de Tabatinga, no dia 24 de janeiro, informou que até o dia 31 será construída uma usina que produzirá 28 metros cúbicos de oxigênio por hora. Atualmente, a necessidade é de 16 metros cúbicos por hora. A usina é doação do Hospital Sírio Libanês, de São Paulo.
Hospitais e Internações
A pedido da Defensoria, o HGUT e a Unidade Hospitalar de Tabatinga e Maternidade (UHT) informaram os números de leitos disponíveis e de profissionais de saúde em cada hospital. De acordo com as unidades de saúde, caso haja aumento de manda, pode haver risco colapso, com falta de vagas e de profissionais de saúde. A DPE-AM também recebeu informação de que no município não há profissionais de saúde especializados para o atendimento de pacientes de Covid-19 com complicações decorrentes da doença.
“Atualmente, o número de profissionais de saúde não está sendo compatível com o número de pacientes e, caso haja a necessidade de ocupação de todos os leitos disponíveis, não haverá profissionais de saúde suficientes para atender a demanda”, informou o HGUT, em resposta a ofício da DPE.
Maués
Em Maués, a defensora pública Mirella Leal, afirma que há, atualmente, 18 pacientes internados com Covid-19, mas nenhum que necessite de transferência imediata para leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), conforme informações repassadas pelo secretário, até quinta-feira (28).
O hospital para tratamento de pacientes com Covid é o Dona Mundiquinha, que teve o número de leitos ampliado de 20 para 30, para receber casos urgentes e pacientes graves de Covid-19.
A defensora explica que Maués está se sustentando, em termos de fornecimento de oxigênio, por uma mini usina instalada em 2019, que produz de 120 a 150 metros cúbicos por dia. Há previsão de instalação de mais uma usina, o que ainda não se concretizou.
Foto: Ana Carolina Neira/Clipping.me