Parceira da instituição Casa de Maria e integrante da rede de proteção, a Defensoria participou de evento que integrou a campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher
A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) participou, nesta quarta-feira (4), de um evento promovido pela Instituição Casa de Maria, em Itacoatiara, que integrou também a campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, iniciada em novembro.
O evento reuniu autoridades locais, mulheres atendidas pela instituição e pela rede de proteção, além de representantes de órgãos parceiros. O 2º Subdefensor Público-Geral do Amazonas, Marco Aurélio Martins, representou a instituição e destacou o trabalho realizado no atendimento jurídico especializado a vítimas de violência doméstica no município.
Segundo ele, a Defensoria mantém presença contínua na Casa de Maria, oferecendo suporte direto às mulheres que buscam acolhimento no espaço. “Nos deslocamos semanalmente até aqui para garantir um atendimento jurídico que respeite o momento emocional delas. Muitas chegam fragilizadas e nosso papel é oferecer orientação, medidas protetivas e segurança. Fazemos isso no lugar em que elas se sentem protegidas”, afirmou.
Durante o evento, foram entregues certificados a mulheres que concluíram cursos de cosméticos artesanais e artes marciais, além do veículo doado à Casa de Maria para ampliar o atendimento às vítimas.
Para a presidente da instituição, Tânia Chantel, a parceria com a Defensoria é essencial para reorganizar a vida de mulheres que chegam em busca de proteção. “A Defensoria é fundamental para garantir acesso rápido à Justiça. Muitas mulheres precisam resolver pensão, partilha, documentos e medidas protetivas. Aqui elas encontram acolhimento e respostas. Isso transforma vidas”, disse.




A juíza do Trabalho Adriana Lima Queiroz também participou da entrega do veículo, resultado de recursos do Ministério Público do Trabalho destinados ao fortalecimento da rede de proteção. Ela destacou que autonomia econômica é um elemento central no rompimento do ciclo da violência. “Mulheres com renda conseguem romper com mais eficácia situações de violência. Este veículo vem somar à rede de Itacoatiara para garantir atendimento seguro e ágil”, afirmou.
Independência e segurança
Quem vive essa transformação reconhece a Casa de Maria como ponto seguro e de recomeço. Conforme a professora Berenice de Castro, que participou dos cursos de cosméticos artesanais, a experiência abriu portas e ampliou sua autonomia.
“Aprendi a fazer sais aromáticos, sabonetes, hidratantes. Fiz venda, fiz pós-venda e ouvi relatos até de que o produto eliminou escorpião em uma casa. Mas o mais importante é o acolhimento. Vejo há três anos como a Casa de Maria é um amparo real para mulheres em situação de violência”, contou.
O sentimento é compartilhado por Marcela Smith, massoterapeuta que recebeu o certificado no curso de defesa pessoal. Ela encontrou o projeto por acaso nas redes sociais e decidiu tentar uma aula experimental.
“Cheguei sem saber nada e fui muito bem recebida. A defesa pessoal me deu segurança. Nós, mulheres, somos violentadas de várias formas, psicológica, verbal, na rua, no trânsito. Aqui entendi que não somos frágeis e que podemos nos defender. A Casa de Maria virou referência na minha vida”, relatou.

Defensoria na Casa de Maria
Com a presença da Defensoria Pública na Casa de Maria é realizada uma rotina de atendimentos voltados a mulheres que enfrentam violência doméstica e outras formas de vulnerabilidade. O trabalho reúne orientação jurídica, acompanhamento de medidas protetivas, apoio em ações de pensão alimentícia, regularização de documentos e encaminhamentos necessários para que cada mulher consiga reorganizar a própria vida com segurança.
A equipe se desloca semanalmente até o espaço para atendimentos presenciais, garantindo acolhimento no ambiente onde essas mulheres se sentem mais protegidas e fortalecendo a rede de proteção local.
Além da porta de entrada jurídica, a Defensoria participa de articulações com assistência social, Judiciário e Ministério Público do Trabalho, contribuindo para que direitos sejam efetivados de modo rápido e acessível.
Também acompanha situações que envolvem vulnerabilidade econômica, ações de família, repartição de bens, revisões de benefícios, revalidação de medidas protetivas e demandas urgentes que não podem esperar por deslocamentos até a sede da Defensoria no município.
Texto e fotos: Ed Salles/DPE-AM
