A aula conduzida pelo defensor público Helom Nunes, mostrou aos estudantes a missão constitucional da Defensoria e a importância da diversidade cultural na promoção de direitos
A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), por meio da Escola Superior (Esudpam), realizou, nesta sexta-feira (17), mais uma edição do projeto #PartiuDefensoria, com estudantes do 8º período do curso de Direito da Faculdade Metropolitana de Manaus (Fametro). O encontro aconteceu na sala do Conselho Superior, na sede administração da instituição, em Manaus.
A aula foi conduzida pelo defensor público Helom Nunes, diretor da Esudpam, que apresentou aos alunos a missão constitucional da Defensoria e propôs reflexões sobre o papel da instituição na garantia do acesso à Justiça, especialmente no contexto amazônico. Durante a conversa, o defensor destacou a amplitude das vulnerabilidades que chegam à instituição, para além da questão financeira.
“O aluno, mesmo no oitavo período, muitas vezes associa vulnerabilidade apenas à renda. Quando apresentamos as outras dimensões, como a social, a geográfica e a cultural, ele começa a compreender a complexidade da atuação da Defensoria, principalmente, em um estado como o Amazonas”, explicou Helom.
Durante o encontro, o diretor da Esudpam também abordou a importância da preservação das culturas e idiomas de povos tradicionais. Ele reforçou o papel da Defensoria na defesa do direito à diversidade cultural e linguística, especialmente em regiões onde as comunidades enfrentam o risco de perder suas línguas e costumes.
“Quando povos tradicionais deixam de aprender e falar seus próprios idiomas, há uma perda de identidade que a Defensoria também busca combater, dentro do nosso papel constitucional de garantir direitos humanos e culturais”, ressaltou Helom.




Diferentes realidades
A visita foi organizada pela defensora pública Kanthya Pinheiro Miranda, titular da 14ª Defensoria de Família e professora da disciplina de Direito das Famílias na Fametro. Para ela, a atividade foi uma oportunidade de aproximar os estudantes das instituições do sistema de Justiça e ampliar o entendimento sobre o papel transformador da Defensoria.
“Como futuros operadores do Direito, é fundamental que os alunos conheçam o funcionamento das instituições e compreendam o impacto social da Defensoria. Essa vivência ajuda a definir caminhos profissionais e desperta o interesse em seguir esse tipo de atuação”, afirmou Kanthya.
Entre os participantes estava o estudante Alan Rodrigues Félix, natural de Amaturá (a 1.100 quilômetros de Manaus). Ele relatou as dificuldades de acesso à Justiça em regiões distantes dos grandes centros urbanos e o impacto da Defensoria na vida das pessoas que vivem nos interiores.
“Muita gente no interior não conhece seus direitos. A Defensoria chega para orientar e ajudar quem mais precisa. Isso é fundamental para garantir que a Justiça chegue a todos”, contou Alan, que explicou que a viagem de barco até seu município pode durar até sete dias.
Outro aluno, Guilherme Cunha, compartilhou uma reflexão sobre a atuação da Defensoria em comunidades indígenas e áreas isoladas, tema que pesquisa em um artigo acadêmico.


“Foi marcante entender que a Defensoria está presente até nos locais mais afastados, levando acesso à Justiça e respeito à diversidade cultural. Hoje saio com uma visão muito mais ampla do que é vulnerabilidade e de como a instituição cumpre esse papel”, disse.
Projeto #PartiuDefensoria
O projeto é uma iniciativa da Esudpam que busca aproximar estudantes universitários da Defensoria Pública, promovendo vivências práticas e o diálogo sobre o papel da instituição na sociedade.
Ao longo de 2025, o projeto já recebeu turmas de diferentes universidades de Manaus, com o objetivo de despertar o interesse acadêmico e profissional pela defesa dos direitos humanos e pela atuação em prol das populações vulneráveis.
Texto: Ed Salles
Foto: Junio Matos/DPE-AM