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Defensoria leva esperança e novas perspectivas a adolescentes que cumprem medida socioeducativa

Projeto ‘Ensina-me a Sonhar’ promove educação, profissionalização e desenvolvimento pessoal de adolescentes, ampliando perspectivas de futuro e fortalecendo o acesso a direitos

A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) realizou, nesta sexta-feira (19), mais uma edição do projeto “Ensina-me a Sonhar”, no Centro Socioeducativo Assistente Social Dagmar Feitoza, em Manaus. A atividade reuniu 13 adolescentes, entre 16 e 18 anos, que cumprem medidas socioeducativas e puderam participar de uma dinâmica sobre sonhos, identidade e superação conduzida pelo padre Ronaldo Mendonça, do Santuário de Nossa Senhora Aparecida.

Na programação, os jovens assistiram a um vídeo motivacional sobre as características da águia e refletiram sobre valores como foco, determinação e coragem. O encontro foi encerrado com uma música do padre Zezinho, seguida de um momento de reflexão coletiva.

A defensora pública Dâmea Mourão, uma das idealizadoras do projeto, destacou que o “Ensina-me a Sonhar” nasceu em 2017 com a proposta de mostrar novas possibilidades de vida para adolescentes em situação de vulnerabilidade.

“Percebíamos, nas audiências, que muitos relatavam não estudar nem trabalhar, vivendo sem referências positivas. O projeto surgiu para apresentar histórias de superação e exemplos de profissionais que mostram outros caminhos possíveis, além da realidade marcada pela falta de oportunidades”, explicou.

De acordo com Dâmea, nesses oito anos de atuação, o projeto já possibilitou que jovens egressos fossem acolhidos como estagiários na Defensoria, além de abrir horizontes por meio de atividades culturais e profissionalizantes.

Programação socioeducativa

A defensora pública Monique Cruz ressaltou que a iniciativa contempla diferentes unidades de internação, mas tem concentrado as ações semanais no Dagmar Feitoza, por reunir o maior número de adolescentes.

“Aqui, todas as sextas-feiras, levamos palestras, oficinas e dinâmicas que trabalham autoestima, profissionalização e cidadania. Mas também temos atividades no Raimundo Parente, na unidade feminina e na semiliberdade, com propostas adaptadas à realidade de cada grupo”, afirmou.

Além do “Ensina-me a Sonhar”, a Defensoria desenvolve projetos complementares, como o “Ensina-me a Empreender”, em parceria com o Sebrae, e o PUPA, voltado ao teatro e audiovisual.

O padre Ronaldo Mendonça, convidado da edição desta sexta-feira, ressaltou a importância de unir fé e cidadania na transformação social. “A igreja não pode se omitir diante de um trabalho como esse. A fé é um recurso para o crescimento pessoal e para encontrar sentido na vida. Estar aqui com esses jovens é ajudar a iluminar novos horizontes”, disse.

Além da esfera jurídica

Mais do que mediar conflitos ou ajuizar ações, a Defensoria Pública, por meio do projeto Ensina-me a Sonhar, oferece um suporte que alcança dimensões humanas e sociais. As atividades envolvem acolhimento, escuta qualificada e encaminhamentos a serviços da rede de proteção, permitindo que os adolescentes e as famílias encontrem não apenas respostas jurídicas, mas também caminhos de fortalecimento pessoal e comunitário.

O defensor Eduardo Ituassú, que atua na 4ª e 5ª Defensorias da Infância e Juventude, destacou que a DPE-AM vai além do processual dos adolescentes. Conforme o defensor, esse acompanhamento integral estabelece o papel da instituição como agente de transformação social.

“Nosso papel é também trazer novas perspectivas, para que, ao saírem do cumprimento da medida, possam escolher caminhos diferentes. Acreditamos nessa transformação e buscamos dar nossa contribuição para que esses jovens retornem à sociedade preparados para novas escolhas”, explicou.

Entre os atendidos pelo projeto, está um adolescente de 18 anos que encontrou na iniciativa da Defensoria um espaço de escuta e acolhimento. Antes, ele relatava se sentir invisível diante de seus problemas, sem saber a quem recorrer. No entanto, com o acompanhamento prestado pela equipe do Ensina-me a Sonhar, ele pôde compartilhar suas dificuldades, receber orientação e perceber novas possibilidades para sua vida.

“Eu cheguei tímido, sem saber dialogar. Com as palestras, aprendi a me conhecer, a falar e a sonhar mais alto. Hoje, quero terminar o ensino médio, cursar engenharia e realizar meu sonho de construir minha vida com dignidade. A Defensoria tem sido um braço amigo nessa caminhada”, afirmou.

Oito anos de atuação transformadora

Criado em 2017, o Ensina-me a Sonhar nasceu da percepção dos defensores públicos de que muitos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas chegavam às audiências sem estudar, trabalhar ou ter referências positivas de futuro. A partir disso, a Defensoria estruturou um projeto capaz de oferecer não apenas acompanhamento jurídico, mas também oportunidades de reflexão, aprendizado e contato com novas possibilidades de vida.

Ao longo de oito anos, a iniciativa se consolidou como um espaço de ressocialização, com atividades voltadas à autoestima, ao autoconhecimento e à descoberta de caminhos profissionais. A cada encontro, são convidados profissionais de diferentes áreas para compartilhar experiências de superação e trajetórias que os jovens possam se identificar. O projeto também se expandiu para oficinas de teatro, audiovisual e empreendedorismo, sempre com o objetivo de estimular habilidades, abrir horizontes e mostrar alternativas reais de futuro.

O Ensina-me a Sonhar funciona com atividades semanais no Centro Socioeducativo Assistente Social Dagmar Feitosa. Atualmente, a Defensoria atende principalmente adolescentes entre 16 e 18 anos, oferecendo não apenas acompanhamento nos processos judiciais, mas também suporte humano e institucional para que possam retomar os estudos, buscar uma profissão e reconstruir seus vínculos sociais.

Mais do que garantir direitos, a Defensoria Pública reafirma com o projeto seu papel de agente transformador ao se aproximar dos jovens em um momento decisivo de suas vidas e mostrar que sonhar é o primeiro passo para recomeçar.

Texto: Ed Salles
Foto: Junio Matos/DPE-AM

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