Histórias que Cruzam: ex-detenta encontrou incentivo para retomada de vida profissional após atuação da DPE-AM

“A Defensoria abriu portas para eu retomar minha vida”, a declaração de dona Edilhomar Botelho, 56 anos, conhecida como Martha, integra as diversas histórias de vidas de assistidos que se cruzam com os 34 anos de existência da Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM)

A artesã e costureira que cumpriu pena de um ano de detenção por tráfico de drogas e, atualmente, auxilia outras egressas a se recolocarem no mercado de através da costura, compartilha com gratidão a assistência recebida pela DPE.

“Vida de quem já cumpriu pena tem muita humilhação, cheguei na Defensoria bem desacreditada e me surpreendi, pois lá foi um encontro de vida com os defensores que me receberam”, conta Martha que estabeleceu laços para além da orientação jurídica e leva no coração nomes como os dos defensores públicos Messi Castro e Monique Cruz, que segundo ela, foram fundamentais no incentivo para a retomada de novos caminhos.

“São pessoas que levo para minha vida, vejo quanto amor eles têm pelo ofício e é por isso que a Defensoria é um órgão diferenciado, pois assim como eles, hoje sei que há vários profissionais nos acolhem com humanidade”.

A artesã e costureira que cumpriu pena de um ano de detenção por tráfico de drogas e, atualmente, auxilia outras egressas a se recolocarem
no mercado de trabalho ao deixarem a prisão, compartilha com gratidão a assistência recebida pela DPE.

Encontros

Há quase dez anos atuando da Defensoria, e com mais de uma década de serviço público, grande parte no sistema de justiça criminal, o defensor Messi Castro destaca o encontro com dona Martha como um dos marcos que teve na carreira. Ele relembra como se tornou admirador e amigo da assistida.

“Eu estava aqui neste núcleo quando conheci dona Adilhomar, pude ouvir suas demandas e a partir disso começamos a pensar muitas coisas juntos. É natural que com a experiência e à medida que o tempo passa, a gente não se surpreenda tanto, vemos muitos casos criminais dos mais complexos, mas a situação da Martha foi diferente, porque além de uma assistida eu ganhei também uma pessoa capaz de me trazer ideias, desenvolver projetos comigo e também uma amizade”, destaca.

O defensor Messi Castro destaca o encontro com dona Martha como um dos marcos que teve na carreira

Martha participou do Projeto Girassol que, à época, atuava com microcréditos para pessoas que estavam saindo do sistema prisional, uma iniciativa desenvolvidas por meio de parcerias. Com o projeto, conseguiu montar seu ateliê de costura.

“Eu tenho muito orgulho de ter feito parte dessa história, tivemos o Projeto Girassol que foi sucesso. Dona Martha é, com certeza, um dos inúmeros exemplos de como o encontro da Defensoria com um assistido pode fazer muita coisa mudar. Se não fosse a Defensoria nem eu e nem ela teríamos nos conhecido. Aqui é a onde fazemos a diferença na vida das pessoas, sou feliz por isso”.

Incentivo

Defensora pública desde 2008, atualmente Monique Cruz está na titularidade da 7ª criminal, (vara de crimes comuns). Ela tem na trajetória profissional a atuação em outros órgãos como Procuradoria-Geral do Município, Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), mas foi na Defensoria que se encontrou profissionalmente, auxiliando histórias como a de Dona Martha.

“Ela vinha muito na unidade do Criminal, não foi uma assistida direta minha, mas acompanhei todo o caminhar dela aqui na DPE. Enquanto isso, ela soube do meu trabalho em relação a Defensoria Consciente, um projeto onde arrecadávamos doações para levar aos assistidos, unidades socioeducativas, detentos e foi aí que nossas vidas se cruzaram, pois ela desenvolvia uma atividade semelhante”, conta Monique Cruz.

A defensora pública Monique Cruz tem na trajetória profissional a atuação em outros órgãos como Procuradoria-Geral do Município,
Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), mas conta que foi na Defensoria que se encontrou profissionalmente, auxiliando histórias como a de Dona Martha

Com uma ação voltada para ex-detentas, intitulada “Filhas de Sião”, onde dona Martha ensina outras egressas a costurarem, ela foi convidada pela defensora pública para também participar do projeto “Ensina-me a Sonhar” que tem como objetivo combater a reincidência, promovendo a ressocialização dos jovens por meio da capacitação e acompanhamento psicossocial.

“Por ter uma história de superação e mudança de vida, participou do Ensina-me a Sonhar e mostrou que é possível seguir a vida, corrigir o erro”, comenta a defensora.

“Vendo a história de dona Martha, a gente consegue enxergar como a Defensoria é um forte instrumento de promoção de mudança de vida por meio do nosso trabalho. Há muitas pessoas que necessitam de orientação e não resolveram determinados problemas por falta de conhecimento e nossa função é, justamente, indicar o caminho certo, acompanhar para além da questão jurídica com soluções, com olhar atento e humanidade”, complementa.

Atendimentos

Inaugurada nesta data em 1990, a DPE-AM é um órgão essencial para o funcionamento da Justiça que presta assistência e orientação jurídica, de forma integral e gratuita, às pessoas em situação de vulnerabilidade tanto da capital quanto do interior do Estado. Entre o período de 2018 e 2023, a instituição realizou mais de 3,6 milhões de atos de atendimentos.

Dos mais 3,6 milhões de atos de atendimentos, a Defensoria realizou mais de 769 mil atendimentos na área Cível, e alcançou as marcas de 1,1 milhão de atendimentos na área Criminal e 1,7 milhão na área de Família.

Entre os serviços ofertados pela instituição, a população pode buscar atendimentos nas áreas de Família, Consumidor, Fundiário, Idoso, Interesses Coletivos, Registros Públicos, Sucessões, Direitos Humanos, Cível, Mulher, Infância e Juventude, Grupo de Trabalho do Interior e Tribunal de Contas.

Texto: Priscilla Peixoto
Fotos: Márcio Silva

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