Missão cumprida e gratidão: Seu Edilson se aposenta e se despede da Defensoria

Edilson da Costa Serrão, 59 anos. Nascido em Parintins em um 30 de março. Comemora aniversário junto com a Defensoria do Estado do Amazonas (DPE-AM) e se orgulha disso. Após 18 anos de trabalho e simpatia dedicados à Defensoria, “Seu Edilson”, como é conhecido por todos, cumpriu sua missão e se aposentou, deixando saudades de sua disposição e bom humor ímpares.

Seu Edilson mudou-se para Manaus ainda muito jovem e conta que pouco tempo depois já entrou para o serviço público, trabalhando nos serviços gerais no extinto Instituto de Tecnologia da Amazônia (Utam), onde permaneceu por 20 anos. No total, foram 38 anos dedicados ao serviço público. Dezoito deles na Defensoria, onde também ingressou para trabalhar como serviços gerais, no que mais tarde transformou-se na atual Gerência de Serviços.

“Mas praticamente todo o meu trabalho foi no Defensoria Itinerante. Sempre participei, desde a criação até hoje”, conta Seu Edilson, referindo-se ao programa da Defensoria que leva atendimento jurídico à população mais carente, seja nos bairros da periferia de Manaus, seja nos cantos mais longínquos do interior do Amazonas.

Nas ações itinerantes, Seu Edilson fazia a montagem da estrutura e equipamentos junto com o técnico de informática, acompanhava a visita técnica aos locais onde seria realizado o atendimento, enfim, organizando tudo para que os defensores públicos pudessem atender a população no dia marcado.

“O Defensoria Itinerante foi para mim onde me realizei profissionalmente, porque era um trabalho prazeroso e onde me sentia muito bem. Costumo dizer que o Defensoria Itinerante era para mim, minha casa. Pelo projeto, tive a oportunidade de conhecer quase todo o interior do Amazonas e isso para mim foi muito gratificante”, afirma.

Contato com o público

Outro prazer de Seu Edilson nas ações itinerantes era o contato com o público. “Eu gosto. Foi uma coisa que tive que reaprender, mesmo não tendo muito costume, tive que estudar coisas básicas de Direito, porque o primeiro contato das pessoas era comigo, as pessoas chegavam com alguma dúvida e eu tinha que ter pelo menos uma base do que é o projeto”, conta.

Para ele, todo o trabalho valia a pena. “Muitas vezes, a gente vai para as ações e é muito cansativo, mas é prazeroso fazer, porque só o fato de as pessoas saírem de lá se sentindo bem e dizerem que foram bem atendidas, acolhidas e resolveram uma situação, isso já faz a gente se sentir gratificado e compensa qualquer cansaço, por qualquer hora a mais que a gente passe lá. Vale a pena!”, avalia Seu Edilson.

Quando não era dia de ação itinerante, Seu Edilson dava suporte para a Gerência de Manutenção. “Também é um local que me sinto bem. Quando precisam de alguma coisa, eu estou à disposição. Faltou uma lâmpada, quebrou alguma coisa, precisa fazer uma mudança, eu tomo a frente e faço a coisa acontecer e eu sempre me senti bem com isso”, disse.

Aposentadoria

Com a aposentadoria, Seu Edilson diz estar sentindo uma mistura de sentimentos. “Fico sem palavras para descrever o meu sentimento entrando na aposentadoria, porque tudo o que conquistei eu agradeço à Defensoria. Eu tenho um bom salário, tenho a oportunidade de dar uma condição de vida melhor para a minha família”, afirmou.

Seu Edilson se diz muito grato pelos 18 anos na Defensoria. “É um sentimento de gratidão, de alegria, mas de tristeza também. A tristeza a gente sente, por causa das amizades que constrói, pelo serviço que faz. Mas o tempo passa e eu tenho que passar a bola para os mais novos que estão chegando com uma outra mentalidade e dinâmica de trabalho”, acrescentou.

Missão cumprida

Para Seu Edilson, o início da aposentadoria tem significado de dever cumprido. “Dentro daquilo que foi proposto para mim, quando fui para a Defensoria, isso foi concluído e, graças a Deus, concluído muito bem, porque eu sinto isso pelo reconhecimento do meu trabalho. Por mais simples que fosse, as pessoas sempre me davam um obrigado”, comentou. “Um exemplo disso foi a homenagem que recebi no final do ano passado. Quando as pessoas souberam que fui homenageado, elas vieram me cumprimentar e disseram muito obrigado por tudo que o que fiz pela Defensoria. E sou muito grato por isso”, revelou.

“A gente se sente muito satisfeito quando as pessoas vêm e abraçam a gente e dizem: gosto muito do senhor, muito obrigada por tudo. Isso é gratificante. Não tem dinheiro que pague”, acrescentou Seu Edilson.

Família

Seu Edilson é casado e tem três “filhos de coração”, como chama seus enteados. “Eu ajudei minha mulher a criar esses meninos. São dois rapazes e uma moça. Já estão todos grandes, a mais nova já vai fazer 30 anos, um de 36 e um outro de 39. Esse último também é do dia 30 de março. Ele faz aniversário junto comigo e com a Defensoria!”, revelou com orgulho.

Ele também é torcedor do Garantido “de coração” e botafoguense animado. O parintinense vive em Manaus há 49 anos. Quando solteiro, morou na Redenção. Hoje, casado há 20 anos, mora no Novo Israel, Zona Norte de Manaus.

Planos para o futuro

E quem acha que aposentadoria é sinônimo de tédio, está muito enganado. Para Seu Edilson, é sinônimo de sossego, mas com realização de sonhos e uma vida menos complicada que a da cidade grande.

“Eu me preparei para me aposentar. As pessoas falam: ‘vai se aposentar vai entrar em depressão, em tédio’. Não! Eu decidi morar no interior. Vou morar em Terra Santa, no interior do Pará. Já comprei um terreno lá. Inclusive estive lá no recesso de fim de ano para construir um muro e estava esperando minha aposentadoria para março. Como ela foi antecipada, o projeto que tenho para construir, já vou colocar em prática. Acredito que, até início de agosto, já esteja pronta para a gente ir morar lá. Terra Santa fica no Pará, na fronteira com o Amazonas, a duas horas de lancha de Parintins”, explica, para quem não conhece a região.

A escolha pelo local de sossego foi da esposa, depois de o casal passar férias na cidade. “Ela é de Tefé e ama Parintins, quando fomos de férias para Terra Santa, ela se apaixonou. Meu pai é de lá e tive oportunidade de conhecer meus parentes de lá que eu não conhecia. É bonito lá. Uma cidade do interior, pacata, boa para morar. Nós vamos ter uma vida melhor em termos de qualidade de vida. Menos poluição, barulho, violência, essas coisas”, revelou.

De quebra, morando em Terra Santa, Seu Edilson e a esposa estarão em uma localização estratégica para viagens pela região, pois a cidade é próxima à Parintins e Santarém. “Então, é uma estratégia para passear naquela região, que por sinal tem lugares muito bonitos”, conta. Se apertar a saudades dos filhos, é só pegar uma lancha às 6h e às 17h já estarão em Manaus.

“O plano é o sossego. E também, eu fui muito tempo menino de igreja. Sou católico e fui coordenador de comunidade, catequista por muito tempo, coordenador de pastoral. Então, lá eu vou poder colocar em prática minhas atividades de trabalho na igreja nas comunidades”, concluiu.

Texto: Márcia Guimarães

Fotos: Clóvis Miranda/DPE-AM

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