A Defensoria Pública do Estado Amazonas (DPE-AM) realizou, nesta quinta-feira (24), o ‘Talk Show Mulheres que Inspiram, Mulheres da Defensoria’. O evento faz parte da campanha de valorização do público feminino da instituição, além de comemorar as conquistas históricas por direitos igualitários das mulheres e respeito entre os gêneros.
As servidoras compartilharam histórias reais de superação, envolvendo perda de familiares, doença, violência, luta por acesso à saúde e educação. Todas protagonizadas por mulheres que souberam ressignificar a dor, e com isso, inspirar outras pessoas.
Entre esses exemplos de luta está a trajetória da analista jurídica, Francelle Segatto, lotada no Polo do Médio Solimões. Neta de agricultores, filha de interioranos, a servidora vislumbrou o caminho da educação como uma ferramenta poderosa para a realização de seus sonhos.
“Minha história de vida é o reflexo de minha avó que nunca frequentou a escola, mas que trabalhou arduamente como agricultora, para que minha mãe pudesse estudar, e também da luta de minha mãe, para que eu e meu irmão tivéssemos melhores oportunidades de estudo e de vida”, contou ela.
Naturais de Tefé, seus pais decidiram se mudar para a capital amazonense em busca de mais oportunidades, quando Francelle tinha apenas 2 anos. Hoje formada, a analista jurídica escolheu retornar ao município, e assim, retribuir o esforço da avó e da mãe ajudando os conterrâneos no acesso à justiça.
“Meus pais sobreviveram aos preconceitos vividos pelos interioranos na capital em prol de mim e de meu irmão e hoje volto com todo prazer do mundo para retribuir meus serviços à população tefeense que tanto amo. Prestei todos os concursos que pude no município e para minha alegria, fui nomeada em 2021 para o cargo que ocupo em Tefé. Foi a realização de um sonho, pois trabalho na instituição em que fui estagiária e onde, pela primeira vez, pude ver a materialização da justiça aos necessitados”.
Amor de Mãe
A defensora Domingas Laranjeira, que atua há 37 anos na DPE-AM, contou como fez para seguir em frente após a partida de seu filho primogênito.
“Quando fui mãe tornei-me uma tigresa de unhas negras, uma mulher mais corajosa e atrevida, meu filho tornou-se a razão do meu viver. Por ele, larguei um emprego em Roraima e comecei a cursar a faculdade de Direito. Ele cresceu lindo e meu deu netos. Aos 41 anos sofreu um ataque cardíaco fulminante. Eu fui forte e suportei. Passado o primeiro ano, entendi que precisava renovar a minha fé e cuidar dos meus netos. Quem me vê sempre sorrindo, não imagina meu esforço de manter a cabeça sempre erguida. Muitas mães passam também por esse sofrimento e saudade que eu experimento diariamente. A verdade é que não se supera a morte de um filho, apenas nos vestimos de coragem e paramos de chorar, porque a vida continua. Os outros filhos e netos me fazem seguir em frente e encontrar razão para continuar na luta”.
Para a diretora de Gestão de Pessoas, Edineida Gato, o encontro desta quinta fortalece o vínculo entre as profissionais. “Ter esse momento com mulheres da defensoria, ouvir as belas histórias de superação de mulheres fortes e corajosas cria um vínculo entre nós e também fortalece nossa instituição. Foi muito bom, leve, alegre e emocionante!”.
As servidoras Amanda Santos e Thawanny Maia também compartilharam histórias pessoais de superação que emocionaram quem acompanhou o talk show no auditório da sede da Defensoria ou na transmissão ao vivo, pela internet.
Texto: Ítala Lima/ DPE-AM
Fotos: Evandro Seixas/ DPE-AM