Durante o evento, foram apresentados conceitos, exemplos reais e caminhos para fortalecer o olhar antirracista na instituição
A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) realizou, na tarde desta quarta-feira, 19, o webinário “Consciência Negra e Atuação Defensorial: Inclusão, Voz e Transformação”, promovido pela Escola Superior da Defensoria (Esudpam). Cerca de 150 participantes acompanharam a atividade on-line, que integrou a programação do Mês da Consciência Negra e fortaleceu o compromisso institucional com práticas antirracistas no atendimento ao público.
O encontro foi conduzido pelas defensoras públicas Rachel Marinho e Emilly Santos, que compartilharam conceitos, contextos históricos e situações reais da atuação defensorial envolvendo pessoas racializadas e grupos vulneráveis. A proposta foi aproximar teoria, vivências e condutas adotadas no cotidiano da Defensoria.
Segundo Rachel Marinho, a atividade ajudou a esclarecer pontos que, muitas vezes, passam despercebidos nas relações institucionais e nos atendimentos.
“O webinário foi maravilhoso. Conseguimos explanar o contexto histórico do racismo no Brasil, como ele feriu direitos e continua ferindo até hoje, e como a Defensoria pode se tornar uma instituição cada vez mais engajada e antirracista. Mostramos como atuar melhor nos casos cíveis e criminais, especialmente quando os assistidos enfrentam mais de uma forma de vulnerabilidade”, afirmou.
A defensora também apresentou indicações de livros e filmes, com o objetivo de incentivar narrativas produzidas por pessoas negras e ampliar a compreensão sobre o tema.
Práticas antirracistas
No decorrer do webinário, a defensora pública Emilly Santos ressaltou a necessidade de atenção cotidiana às microagressões e às práticas sutis de discriminação que afetam diretamente o atendimento defensorial.
“O webinário foi um momento muito importante para discutir e alertar servidores, defensores, estagiários e residentes sobre a importância de termos um olhar antirracista. Mostramos como é essencial evitar condutas que, muitas vezes, são vistas como pequenas, mas configuram microagressões. A ideia foi trazer esse conhecimento de forma leve, didática e respeitosa”, afirmou.
A discussão também abordou como o racismo estrutural atravessa o sistema de justiça e impacta desproporcionalmente as pessoas negras e afro-indígenas, realidade presente em grande parte do público atendido pela instituição.
Cartilha antirracismo
Durante o evento, a Esudpam apresentou a Cartilha de Educação em Direitos sobre Antirracismo, produzida pela Defensoria para orientar servidores, estagiários e membros sobre condutas adequadas no atendimento ao público.
O material reúne conceitos de racismo, injúria racial, microagressões, direitos antidiscriminatórios e exemplos práticos vivenciados nas unidades defensoriais. Ele serviu como base para parte das explicações apresentadas pelas palestrantes.
O webinário foi aberto ao público externo e recebeu participação de estudantes, servidores, profissionais de diferentes áreas e pessoas atendidas pela Defensoria. A interação ocorreu por meio do Microsoft Teams e pelo canal da instituição no YouTube, garantindo acesso amplo a quem buscava aprofundar conhecimentos sobre enfrentamento ao racismo.
Texto: Ed Salles
Foto: Junio Matos/DPE-AM
