Evento promoveu mesa redonda sobre violências contra a pessoa idosa na perspectiva da gestão pública, direitos humanos e de gênero. Seminário encerrou na quinta-feira
“A população trans e travesti também está envelhecendo e não existem políticas públicas para acolher essas pessoas”. A afirmação é da representante da Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Estado do Amazonas (ASSOTRAM), Mirna Lisa, de 61 anos, que participou do 1º Seminário da Rede de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa do Estado, promovido pela Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM). O evento encerrou nesta quinta-feira (29).
De acordo com Mirna, os desafios para as pessoas trans são inúmeros, inclusive para chegar na terceira idade, já que a expectativa de vida dessa população é de apenas 33 anos. “A gente sofre muitas violências e, infelizmente, hoje, o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo. E a gente vem para um espaço como esse para lutar por políticas que nos incluam também, porque somos cidadãs e não podemos ser esquecidas”.
A ativista foi uma das participantes da Mesa Redonda “Violência Contra a Pessoa Idosa na perspectiva da gestão pública, direitos humanos e de gênero”. O debate foi mediado pela psicóloga e professora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Vivian Marangoni, e contou ainda com a participação da Secretária Executiva Adjunta de Direitos da Pessoa Idosa do estado, Luciana Andrade, da Coordenadora da Ensino da FuNATI, Kennya Mota Brito, e da defensora pública Stéfanie Sobral.
Além das violências físicas e psicológicas, Mirna também alertou sobre a violência sofrida em atendimentos médicos, por falta de profissionais capacitados. “Nas UBS, nas Upas, nos hospitais é frequente as ocorrências de desrespeito e de violência por parte dos profissionais que muitas vezes não sabem lidar com a nossa orientação sexual diversa. Isso precisa mudar. Cidadania para nós é respeito”, disse ela, que é enfermeira aposentada.
“A gente vê muitas violações de direitos acontecendo entre a população idosa, e quando a gente se depara com alguns grupos que reúnem diversas vulnerabilidades, essa violação de direitos é ainda mais gritante. E nós precisamos ter cuidado para não sermos protetores para calar, mas permitir que essas pessoas tenham voz”, comentou a mediadora da mesa, Vivian Marangoni.
A especialista falou ainda sobre necessidade dos órgãos públicos trabalharem alinhados para assegurar assistência humanizada aos mais vulneráveis. “A rede precisa ser intersetorial, porque ninguém trabalha sozinho, e para que a gente possa identificar as demandas e fazer o acolhimento da melhor maneira possível”, finalizou a psicóloga.
Texto: Kelly Melo
Fotos: Evandro Seixas – DPE/AM