Representantes da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) e do Ministério Público do Estado (MPE-AM) se reuniram nesta quarta-feira (22) com gestoras das maternidades da capital a fim de apresentar demandas e sugestões que podem melhorar a assistência obstétrica prestada nas unidades. Aspectos relacionados às duas recomendações, encaminhadas à Secretaria de Saúde do Estado (SES-AM) esta semana, também foram discutidos.
“O principal ponto é a necessidade de envolvimento dos profissionais de saúde no sentido de seguir os protocolos oficiais de assistência ao parto previstos pelo próprio Ministério da Saúde. Esses protocolos indicam formas de conduzir o parto da melhor maneira, para evitar complicações, e salvar as mulheres e seus bebês”, explicou uma das coordenadoras do Comitê de Enfrentamento à Violência Obstétrica, defensora pública Suelen Paes Menta.
Atualmente, o Amazonas apresenta altos índices de mortes maternas. Só no ano passado, foram registrados 113 casos, 70 deles da capital, conforme informações da Fundação de Vigilância em Saúde prestadas à Defensoria e ao MPE/AM.
Adequação das Ouvidorias, fixação de placas informativas sobre equipes médicas de plantão e protocolos, reformulação da nutrição clínica, além do preenchimento correto de fluxos como o partograma, também foram temáticas apresentadas para melhorar o atendimento nas maternidades. O partograma é uma espécie de representação gráfica do trabalho de parto que permite acompanhar a evolução, documentar, diagnosticar alterações e indicar a tomada de condutas apropriadas para a correção de desvios, ajudando a evitar intervenções desnecessárias.
Segundo a promotora de Justiça Cláudia Câmara, que esteve presente na reunião, esse trabalho é fruto das visitas realizadas pelo comitê, em março. “Nós acreditamos que as gestoras podem ajudar a consertar esses problemas, porque estão na ponta. Em março, fizemos visitas, identificamos inconformidades, e convocamos a reunião para trazer essas questões e superar isso. São mudanças simples, mas que fazem toda a diferença na assistência às mulheres grávidas, aqui em Manaus”, disse.
Preocupação
Outro ponto abordado que gerou preocupação dos órgãos de controle foi o alerta de uma possível paralisação da prestação de serviços por parte do Instituto de Ginecologia e Obstetrícia do Estado do Amazonas (Igoam), cujo contrato para serviços de obstetrícia, ginecologia e ultrassonografia encerrou em fevereiro deste ano.
“O que foi relatado é que não tem profissionais suficientes para prestar os serviços médicos. Mas o Estado precisa encontrar uma forma de garantir a continuidade do atendimento e qualidade na assistência obstétrica. O nosso espírito é colaborativo e cooperativo”, disse a defensora Caroline Souza, que também coordena o comitê.
TEXTO: Kelly Melo
IMAGENS: Evandro Seixas/DPE-AM